Enquanto eu pregava ao ar livre recentemente do lado do Convento de Santo Antônio no Largo da Carioca no Rio de Janeiro, uma luz acendeu na minha cabeça. Eu pregava contra a soteriologia da Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR), que ensina a salvação pela justiça das/pelas obras ("works righteousness" em inglês). Tal visão católica da salvação bate de frente com versículos como o famoso Efésios 2.8-9: "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie." Onde estão as "Boas Novas" numa visão assim. Tal ensino acaba elevando o homem (Somos capazes de fazer algo que Deus aceita em prol da nossa salvação.) e rebaixando a Deus (Deus não é tão santo por poder aceitar as boas obras de Suas criaturas em troca dos seus pecados.). E como o apóstolo Paulo reagiu a essas "boas novas que não eram Boas Novas"? Gálatas 1.6-9 nos ilumina:
"Estou admirado de que tão depressa estejais desertando daquele que vos chamou na graça de Cristo, para outro evangelho, o qual não é outro; senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos pregasse outro evangelho além do que já vos pregamos, seja anátema. Como antes temos dito, assim agora novamente o digo: Se alguém vos pregar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema."
Agora, é uma coisa apontar o dedo na direção da ICAR; é outra pregar o mesmo "evangelho" disfarçadamente. Eu afirmo que as igrejas evangélicas históricas e neo-evangélicas que pregam a necessidade de manter a salvação pela obediência acabam caindo na mesma heresia da ICAR! Pensa bem... Qual seria a diferença entre a necessidade de fazer boas obras para abrir a possibilidade de ser salvo e a necessidade de fazer boas obras para continuar tendo a possibilidade de ser salvo?
Preciso esclarecer que eu não estou pregado o antinomianismo, que promove a libertinagem. Somos chamados à santidade, mas à luz de Ezequiel 36.25-27, a obra salvífica de Deus está nas mãos de Dele, do início ao fim. Mesmo no processo da santificação, Deus imputou/creditou os nossos pecados à conta de Jesus na cruz e a justiça de Jesus à nossa conta (2 Co. 5.21)... depois de limpá-la:
"Então aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias, e de todos os vossos ídolos, vos purificarei. Também vos darei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. Ainda porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis as minhas ordenanças, e as observeis"
Infelizmente tal heresia "evangélica histórica e neo-evangélica" é tão comum que as denominações que, tradicionalmente, ensinam a perseverança dos santos (ou, na versão batista, "Uma vez salvo, salvo para sempre") tem muitos membros que seguem a linha ICAR. Eu sou batista, e perdi contas de quantas vezes eu ouvi um batista terminando sua oração pública com "... e perdoe os nossos pecados". Quando eu perguntava para esses irmãos por que terminavam sua oração assim, eles usaram 1 João 1.9 para respaldar a seguinte afirmação: "Para garantir que Deus perdoe todos os nossos pecados, porque se morrermos com um pecado não-confessado, sai de baixo!" Para mim, tal pensamento de "crentes" (e não são poucos) numa igreja que, tradicionalmente, prega a perseverança dos santos, revela o estado deprimente do ensino doutrinário dessas igrejas.
Eu acho triste ver a infiltração dessa dogma da ICAR em nossas igrejas. Temos que nos lembrar das palavras do Paulo em cima em Gal. 1.6. Paulo não escrevia para incrédulos, mas para uma igreja composta de falsos e verdadeiros convertidos. Esta igreja abandonou o evangelho da graça (ou, a sola da gratia) depois de, supostamente, tê-lo abraçado. Em 3.3 ele escreve: "Sois vós tão insensatos? tendo começado pelo Espírito, é pela carne que agora acabareis?" Quer dizer, a carta aos Gálatas não foi escrita para aqueles dessas outras religiões "salvos pela fé + obras", mas para aqueles que já abraçaram o evangelho verdadeiro - salvação pela graça, mediante a fé! Foi para esses que Paulo disse que "seja anátema"!
Eu vou continuar pregando ao ar livre contra essa "receita salvífica diabólica" da ICAR, sem falar na do islã, do budismo, dos mórmons, da Testemunhas de Jeová, etc. Mas eu tenho que reconhecer a proliferação dessa "heresia católica" no meio evangélico... e confrontá-la. Paulo condenou aqueles que trouxeram essa heresia para os Gálatas. Não deveríamos, pelo menos, chamar a atenção dos membros que demonstram a influência "católica" na sua teologia, corrigindo suas heresias à luz do ensino claro das Sagradas Escrituras? Por quê? É "outro evangelho", que não é, no final das contas, "evangelho" ("Boas Novas") algum. É maldição, porque quem abraça essa fôrmula diabólica não é muito diferente do católico apostólico romano, muçulmano, budista, mórmon, TJ, adventista, etc., né? E todos nós sabemos para onde eles vão, se não abandonaram esse falso caminho da "justiça das/pelas obras".
Será diferente para o "evangélico" que comprou a mesma idéia... a heresia dos Gálatas... dos católicos? Segundo o apóstolo Paulo, não.
Façamos diferença. Batalhemos pela fé "que de uma vez para sempre foi entregue aos santos".
Sola Gratia!
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