27.6.11

HOMOSSEXUALISMO E A IGREJA EMERGENTE









Sexualidade e a Nova Reforma
(Roger Oakland – do seu livro Faith Undone - capítulo 12)


Pode até parecer fora de propósito incluir uma seção sobre a sexualidade neste capítulo (deste livro)  sobre a reforma pós-moderna. Contudo, este é um aspecto do tópico que não pode ser ignorado, pois tem sido uma marca registrada na Igreja Emergente, este relacionado ao homossexualismo.

Nesta seção, estou simplesmente apresentando certas declarações feitas por aqueles da Igreja Emergente, visando mostrar esta mudança de paradigma no que se refere à sexualidade. Deixo com vocês a maneira de interpretar estas declarações, mas a minha oração é que vocês olhem para as mesmas através da visão da Escritura. Uma coisa é certa: após ter lido esta seção, acho que vocês hão de concordar que a espiritualidade emergente está tentando redefinir o pensamento e a visão dos cristãos sobre a sexualidade. Vou iniciar citando a Palavra de Deus, conforme Romanos 12:1-2:

Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.

Um exemplo desta mentalidade da nova reforma sobre a sexualidade pode ser encontrado no livro de Dan Kimball - They Like Jesus But Not the Church (Eles Gostam de Jesus, Mas Não da Igreja). Kimball dedica um capítulo inteiro, intitulado “The Church is Homophobic” (A Igreja é Homofóbica), à homossexualidade, afirmando que os cristãos devem reinterpretar o que achamos que a Bíblia diz sobre o homossexualismo. Ele declara:

Porque este é um assunto tão enorme em nossa cultura, e porque toda a tensão e discussão sobre ele tem a ver com o que a Bíblia ensina sobre o mesmo, não podemos mais regurgitar sobre o que temos sido ensinados sobre o homossexualismo... Não se pode mais fazer isso... Devemos nos aproximar da Bíblia com humildade, oração e sensibilidade, levando em consideração o significado original das palavras gregas e hebraicas, observando os contextos históricos em que as passagens foram escritas... Não mais podemos, com integridade, citar alguns versículos isolados e dizer: "assunto encerrado!” (1)

Kimball elabora:

Muito honestamente, e alguma pessoas podem ficar furiosas comigo porque estou dizendo isto, mas às vezes eu desejaria que isto (o homossexualismo) não fosse um item pecaminoso, porque tenho conhecido pessoas gays, as quais são as mais gentis, amáveis, sólidas e apoiadoras que já encontrei. À medida que falo com elas, escuto suas histórias e fico conhecendo-as, começo a entender que a sua orientação sexual não é algo de que possam "desligar". A atração homossexual não é uma coisa que as pessoas simplesmente escolhem, conforme, geralmente, é erroneamente ensinado de muitos púlpitos. (2)

Kimball não é o único entre os da igreja emergente com sua visão permissiva e aceitável do homossexualismo. Outro, neste campo, é Jay Bakker, filho de Jim Bakker, do antigo Clube PTL. Numa entrevista com a Radarmagazine, Bakker diz: “Senti como se Deus tivesse falado ao meu coração e dito que (o homossexualismo) não é pecado”. (3) No website de Bakker, ele apoia esta visão. (4) Numa entrevista com Larry King, em dezembro 2006, aconteceu a seguinte conversa:

Larry King - Você diria que faz parte da ala liberal do cristianismo?
Jay Bakker - Bem, eu diria definitivamente que sou um pouquinho mais liberal do que, provavelmente, a maioria é, sim.
King - Por exemplo, você casaria gays na sua igreja?
Bakker - Se a lei fosse aprovada, sim.
King - Então, você concorda que venha uma lei?
Bakker - Sim, eu concordo. (5)

Brian McLaren expressou sua visão (ou falta desta) sobre o assunto e declarou:

A maioria dos líderes emergentes que eu conheço compartilha a minha agonia sobre esta questão (sobre o homossexualismo)... Francamente, muitos de nós não sabemos o que pensar sobre o homossexualismo. Já ouvimos todos os lados, mas nenhuma posição mereceu, até agora, a nossa confiança, de modo que possamos dizer: "parece bem ao Espírito Santo e a nós..." Talvez careçamos de uma moratória de cinco anos para fazer pronunciamentos. (6)

Um pastor, que dirige um ministério que ajuda que os homossexuais deixem seu estilo de vida (homosexual), pode ajudar-nos a ver a extensão dessa mudança de attitude em direção ao homossexualismo. Ele explica:

Eles se autodenominam neo-evangélicos. Philip Yancey dedicou um capítulo inteiro do seu livro What’s So Amazing About Grace (Maravilhosa Graça)?  Ele acha que devemos estender a graça às pessoas que não conseguem mudar o seu homossexualismo... Tony Campolo acha que as pessoas que não conseguem mudar o seu homossexualismo deveriam viver em parcerias homossexuais celibatas. Sua esposa acha que os gays deveriam se casar entre eles. Lewis Smedes concorda com Richard Foster. Todos eles parecem concordar que existem algumas pessoas que não conseguem mudar o seu homossexualismo, não sendo capazes de viver em celibato e, portanto, deveriam ser feitas exceções. (7)

O pastor, um ex-homossexual, desafia os da igreja que abraçam publicamente o homossexualismo, acreditando que existe uma reposta para todas essas visões pós-modernas. Ele declara:

Desde quando Richard Foster, Philip Yancey, Tony Campolo e Lewis Smedes são peritos na mutabilidade do homossexualismo?... Eu mesmo vivi este caso, durante a maior parte dos meus 42 anos. Durante 17 anos, eu tenho ajudado centenas, ou talvez milhares, a abandonar o homossexualismo. Jamais vi duas curas idênticas. E jamais vi alguém que, pela graça de Deus, não pudesse ser curado. Ora, isto é o que há de maravilhoso na graça! Ela nos capacita a viver uma vida moral e transformada em Cristo. (8)

Em 2004, Philip Yancey (autor e editor da Christianity Today), aceitou uma entrevista com Candace Chellew-Hodge para a Whosoever, uma "revista online" para "cristãos"  (aspas do bloggergay, lésbica, bissexual e transgênero. Quando Chellew-Hodge perguntou para Yancey sobre sua visão de gays e lésbicas na igreja, Yancey respondeu:

Quando se chega ao assunto particular da política de ordenação de ministros gays e lésbicas, eu fico confuso, como tanta gente. Existem algumas (não muitas) passagens na Escritura que me deixam sem ação. Francamente, não conheço a resposta para tais assuntos. (9)

Minha pergunta para Yancey e outros auto-denominados líderes cristãos é por que vocês não conhecem a resposta? A Bíblia é clara sobre este assunto. Talvez não possamos sempre entender; mas,  uma parte de como ser cristão é aceitar a Palavra de Deus, confiando que ela é verdadeiramente a Palavra de Deus. Yancey pode não ser um líder emergente, porém suas crenças certamente se enquadram na espiritualidade emergente. A declaração seguinte, feita  por ele, mostra que Yancey compartilha uma idêntica desconsideração pela doutrina bíblica:

Talvez o nosso tempo esteja pedindo um novo tipo de movimento ecumênico, não de doutrina, nem mesmo de unidade religiosa, mas de um (movimento) que avança o que os judeus, cristãos e muçulmanos têm em comum... De fato, os judeus, cristãos e muçulmanos têm muito em comum. (10)

Excerto do capítulo 12 do livro Faith Undone, de Roger Oakland.
Traduzido por Mary Schultze, em 16/06/2011.

Notas:
1. Dan Kimball, They Like Jesus but Not the Church, op. cit., p. 137.
2. Ibid., p. 138.
3. Entrevista com Jay Bakker, “Empire of the Son” (Radar, http://radaronline.com/features/2006/12/empire_of_the _son _par t_ iii.php).
5. Entrevista por Larry King com Jay Bakker; veja a transcrição em inglês: http://transcripts.cnn.com/TRANSCRIPTS/0612/15/lkl.01.html.
6. Brian McLaren, “Leader’s Insight: No Cowardly Flip-Flop: How should pastors respond to “the Homosexual Question”? (Christianity Today, January 23, 2006, http://www.christianitytoday.com/leadersnewsletter/2006/cln60123.html).
7. Mario Bergner, “Conversations with Jason about Homosexuality” (Redeemed Lives News, Spring/Summer 2001, http://www.redeemedlives.org).
8. Ibid.
9. Entrevista por Candace Chellew-Hodge com Philip Yancey, “Amazed by Grace” (Whosoever online magazine, http://www.whosoever.org/v8i6/yancey.shtml).
10. Philip Yancey, “Hope for Abraham’s Sons” (Christianity Today,  November 1, 2004).

23.6.11

SOB A IRA DE DEUS: Francis Schaeffer ousa opinar-se... biblicamente!









Do blog de Josemar Bessa




Mas, segundo a tua dureza e coração impenitente acumulas contra ti mesmo ira para o dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus... (Romanos 2.5)




O que Deus planejou para bem do homem - coisas como o testemunho da criação e o testemunho da consciência - só serve para afundar mais esses rebeldes em sua rebelião.

Dr. Francis Schaeffer [1917-1984]
Isso nos remete novamente a Romanos 1.16-18. O evangelho é "o poder de Deus para a salvação" (1.16). Por que precisamos de salvação? Porque estamos sob a "ira de Deus" (1.18), e os que desprezam ou se aproveitam da paciência de Deus não estão fazendo mais do que "acumular" mais de sua ira (2.5). Cristo fala de "acumular tesouros nos céus" (Mt 6.19-20). Quem despreza a paciência de Deus também está acumulando algo para si - não riquezas, mas a ira de Deus. Tanto o que crê quanto o incrédulo precisam dar-se conta de que tudo o que fazem tem conseqüências eternas.

Nossas vidas não se limitam ao período entre o nascimento físico e a morte física. Tudo o que dizemos ou fazemos representa um investimento - para o bem ou para a perdição - no banco da eternidade. Uma jovem pode até imaginar todo o seu futuro limitado ao dia do seu casamento, sem que seja capaz de enxergar nada além deste grande evento. Mas, se ela se conscientizar do quanto o seu caráter afetará o seu casamento, então isso mudará totalmente o modo como viverá sua adolescência. Tanto crentes quanto descrentes precisam conscientizar-se mais das conseqüências sobrenaturais e eternas das suas ações. A vida não se encerra com a morte. Ou estamos "acumulando" bons tesouros no céu, ou estamos "acumulando" o terrível tesouro da ira de Deus.

... que retribuirá a cada um segundo o seu procedimento. (2.6)

Ninguém está falando aqui de alguma salvação por obras. O que Paulo está dizendo é que seremos julgados, não com base no que nós dizemos que acreditamos, mas a partir de nossas ações humanas. Estamos lidando com um Deus que está aí de fato. Nenhuma profissãozinha de fé, por mais bela que seja, contará diante dele. O que importa é o que realmente queremos dizer e que atitude de fato tomamos. Estamos lidando com o Deus que realmente está aí e que responde àquilo em que acreditamos verdadeiramente.

Dará a vida eterna aos que, perseverando em fazer o bem, procuram glória, honra e incorruptibilidade; mas ira e indignação aos facciosos que desobedecem à verdade, e obedecem à injustiça... (2.7-8)

Eis aí a palavra "ira" outra vez. É a ira de Deus contra pessoas que invariavelmente têm uma consciência, que vêem a criação, que são seres racionais, que compreendem os princípios morais, e que, ainda assim, continuam incrédulas e desobedientes à verdade. Como cristãos, devemos estar profundamente preocupados com o fato de o mundo perdido estar sob a ira do Deus sagrado. Não devemos ser capazes de pensar sobre isto sem ter algum tipo de reação emocional. Precisamos sempre manter algo em mente: as pessoas estão perdidas. Quando encaramos o fato de que o mundo perdido está sob a ira de Deus como um conceito meramente intelectual, mantendo-nos emocionalmente distantes, já estaremos a meio caminho de uma ortodoxia morta. Estas pessoas são meus companheiros de humanidade, e elas estão sob a ira de Deus.

Tente por um só momento imaginar-se no lugar de um incrédulo, ouvindo falar de tudo isto pela primeira vez. Imagine que o Espírito Santo o estivesse tocando profundamente e, de repente, você se desse conta de que está sob a ira de Deus. Imagine como você estaria louco para ver se Deus tomaria alguma providência em relação ao seu caso. E a grande mensagem de Paulo é que Deus já tomou uma providência quanto ao caso. Ele já havia tocado nesse assunto anteriormente, em 1.16: a humanidade está sob a ira de Deus, mas existe salvação desta ira. Ficaremos sabendo mais acerca desta salvação a partir de 3.21.

Todos nós precisamos perceber que estamos sob a ira de Deus. Todos nós precisamos ansiar por descobrir se há alguma resposta para a nossa situação desesperadora. E não devemos esquecer jamais a maravilha que é aprender que existe uma resposta. Certa vez alguém perguntou a um velho evangelista americano: "Por que você é tão eufórico na sua pregação" E ele disse: "Bem, Deus o abençoe. Meu filho, eu nunca me esqueço da maravilha que isto tudo é". Que Deus tenha misericórdia de nós e nos livre de acabar com uma fé fria, ortodoxa, esquecendo-nos da maravilha que isto tudo é. Nunca se esqueça da maravilha de quando você pessoalmente ouviu falar de Cristo e creu nele.

Ao mesmo tempo, porém, não se esqueça de que a raça humana está perdida. Mesmo quando estiver sentindo a maravilha que é a sua própria salvação, nunca se esqueça de que, à semelhança de Paulo, você é um "devedor" em relação àqueles que ainda estão perdidos (1.14). Que Deus continue tocando os nossos corações, à medida que Paulo prossegue descrevendo a situação desesperadora em que eles se encontram.

Tributação e angústia virão sobre a alma de qualquer homem que faz o mal, do judeu primeiro, e também do grego; glória, porém, e honra e paz a todo aquele que pratica o bem; ao judeu primeiro, e também ao grego. Porque para com Deus não há acepção de pessoas. (2.9-11)

Deus não faz distinção entre judeus e gentios, entre bárbaros e gregos. Todas as pessoas, sem distinção, terão que se levantar e comparecer na presença de Deus.

Assim, pois, todos os que pecaram sem lei, também sem lei perecerão; e todos os que com lei pecaram, mediante lei serão julgados. (2.12)

Todas as pessoas são consideradas condenáveis diante de Deus,, com base no que realmente sabem. A pessoa sem a Bíblia está condenada com base no julgamento que faz dos outros. Como vimos em 2.1, o ser humano conheceu e falou sobre os padrões morais, mas então falhou em viver, ele mesmo, de acordo com estes princípios.

A pessoa com a Bíblia, por outro lado, é condenável com base na Bíblia que possui. Ela "será julgada mediante a lei" e seus padrões morais.

Porque os simples ouvidores da lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados. (2.13)

Que benefício alguém poderia ter em possuir uma Bíblia, se não acredita nela? Quando eu era pastor e visitava as pessoas em suas casas, costumava ler a Bíblia antes de ir embora, e perguntava: "Vocês têm uma Bíblia?" Freqüentemente eles respondiam.- "Sim, nós temos uma Bíblia" e iam procurá-la. Vasculhavam todas as estantes, todos os cantos em busca dela. Se ela fosse uma cobra, certamente os teria mordido! Sim, eles possuíam uma Bíblia - para escrever os nomes de seus filhos e amassar flores. Mas para que se incomodar? Se eles mal liam a Bíblia, poderiam muito bem escrever os nomes de seus filhos em outro livro qualquer! Não há nenhum poder mágico na mera posse de uma Bíblia, se você não acredita nem a obedece.

19.6.11

É SEMPRE UMA FALTA DE AMOR CRITICAR E JULGAR?

por Augustus Nicodemus Lopes


Tornou-se comum evangélicos acusarem de falta de amor outros evangélicos que tomam posicionamentos firmes em questões éticas, doutrinárias e práticas. A discussão, o confronto e a exposição das posições de outros são consideradas como falta de amor.

Essa acusação reflete o sentimento pluralista e relativista que permeia a mentalidade evangélica de hoje e que considera todo confronto teológico como ofensivo. Nossa época perdeu a virilidade teológica. Vivemos dias de frouxidão, onde proliferam os que tremem em frêmito diante de uma peleja teológica de maior monta, e saem gritando histéricos, "linchamento, linchamento"!

Pergunto-me se a Reforma protestante teria acontecido se Lutero e os demais companheiros pensassem dessa forma.

É possível que no calor de uma argumentação, durante um debate, saiam palavras ou frases que poderiam ter sido ditas ou escritas de uma outra forma. Aprendi com meu mentor espiritual, Pr. Francisco Leonardo Schalkwijk, que a sabedoria reside em conhecer “o tempo e o modo” de dizer as coisas (Eclesiastes 8.5). Todos nós já experimentamos a frustração de descobrir que nem sempre conseguimos dizer as coisas da melhor maneira.

Todavia, não posso aceitar que seja falta de amor confrontar irmãos que entendemos não estarem andando na verdade, assim como Paulo confrontou Pedro, quando este deixou de andar de acordo com a verdade do Evangelho (Gálatas 2:11). Muitos vão dizer que essa atitude é arrogante e que ninguém é dono da verdade. Outros, contudo, entenderão que faz parte do chamamento bíblico examinar todas as coisas, reter o que é bom e rejeitar o que for falso, errado e injusto.

Considerar como falta de amor o discordar dos erros de alguém é desconhecer a natureza do amor bíblico. Amor e verdade andam juntos. Oséias reclamou que não havia nem amor nem verdade nos habitantes da terra em sua época (Oséias 4.1). Paulo pediu que os efésios seguissem a verdade em amor (Efésios 4.15) e aos tessalonicenses denunciou os que não recebiam o amor da verdade para serem salvos (2Tessalonicenses 2.10). Pedro afirma que a obediência à verdade purifica a alma e leva ao amor não fingido (1Pedro 1.22). João deseja que a verdade e o amor do Pai estejam com seus leitores (2João 3). Querer que a verdade predomine e lutar por isso não pode ser confundido com falta de amor para com os que ensinam o erro.

Apelar para o amor sempre encontra eco no coração dos evangélicos, mas falar de amor não é garantia de espiritualidade e de verdade. Tem quem se gabe de amar e que não leva uma vida reta diante de Deus. O profeta Ezequiel enfrentou um grupo desses. “... com a boca, professam muito amor, mas o coração só ambiciona lucro” (Ezequiel 33.31). O que ocorre é que às vezes a ênfase ao amor é simplesmente uma capa para acobertar uma conduta imoral ou irregular diante de Deus. Paulo criticou isso nos crentes de Corinto, que se gabavam de ser uma igreja espiritual, amorosa, ao mesmo tempo em que toleravam imoralidades em seu meio. “... contudo, andais vós ensoberbecidos e não chegastes a lamentar, para que fosse tirado do vosso meio quem tamanho ultraje praticou? Não é boa a vossa jactância...” (1Co 5.2,6). Tratava-se de um jovem “incluído” que dormia com sua madrasta. O discurso das igrejas que hoje toleram todo tipo de conduta irregular em seus membros é exatamente esse, de que são igrejas amorosas, que não condenam nem excluem ninguém.

Ninguém na Bíblia falou mais de amor do que o apóstolo João, conhecido por esse motivo como o “apóstolo do amor” (a figura ao lado é uma representação antiquíssima de João) Ele disse que amava os crentes “na verdade” (2João 1; 3João 1), isto é, porque eles andavam na verdade. "Verdade" nas cartas de João tem um componente teológico e doutrinário. É o Evangelho em sua plenitude. João ama seus leitores porque eles, junto com o apóstolo, conhecem a verdade e andam nela. A verdade é a base do verdadeiro amor cristão. Nós amamos os irmãos porque professamos a mesma verdade sobre Deus e Cristo. Todavia, eis o que o apóstolo do amor proferiu contra mestres e líderes evangélicos que haviam se desviado do caminho da verdade:

- “Eles saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia, eles se foram para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos” (1Jo 2.19).

- “Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Este é o anticristo, o que nega o Pai e o Filho” (1Jo 2.22).

- “Aquele que pratica o pecado procede do diabo” (1Jo 3.8).

- “Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo” (1Jo 3.10).

- “todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus; pelo contrário, este é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que vem e, presentemente, já está no mundo” (1Jo 4.3).

- “... muitos enganadores têm saído pelo mundo fora, os quais não confessam Jesus Cristo vindo em carne; assim é o enganador e o anticristo... Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece não tem Deus... Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem lhe deis as boas-vindas. Porquanto aquele que lhe dá boas-vindas faz-se cúmplice das suas obras más” (2Jo 7-1).

Poderíamos acusar João de falta de amor pela firmeza com que ele resiste ao erro teológico?
O amor que é cobrado pelos evangélicos sentimentalistas acaba se tornando a postura de quem não tem convicções. O amor bíblico disciplina, corrige, repreende, diz a verdade. E quando se vê diante do erro seguido de arrependimento e da contrição, perdoa, esquece, tolera, suporta. O Senhor Jesus, ao perdoar a mulher adúltera, acrescentou “vai e não peques mais”. O amor perdoa, mas cobra retidão. O Senhor pediu ao Pai que perdoasse seus algozes, que não sabiam o que faziam; todavia, durante a semana que antecedeu seu martírio não deixou de censurá-los, chamando-os de hipócritas, raça de víboras e filhos do inferno. Essa separação entre amor e verdade feita por alguns evangélicos torna o amor num mero sentimentalismo vazio.

O amor, segundo Paulo, “é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1Coríntios 13.4-7). Percebe-se que Paulo não está falando de um sentimento geral de inclusão e tolerância, mas de uma atitude decisiva em favor da verdade, do bem e da retidão. Não é de admirar que o autor desse "hino ao amor" pronunciou um anátema aos que pregam outro Evangelho (Gálatas 1). Destaco da descrição de Paulo a frase “O amor regozija-se com a verdade” (1Coríntios 13.6b). A idéia de “aprovar” está presente na frase. O amor aprova alegremente a verdade. Ele se regozija quando a verdade de Deus triunfa, quando Cristo está sendo glorificado e a igreja edificada.


Portanto, o amor cobrado pelos que se ofendem com a defesa da fé, a exposição do erro e o confronto da inverdade não é o amor bíblico. Falta de amor para com as pessoas seria deixar que elas continuassem a ser enganadas sem ao menos tentar mostrar o outro lado da questão.

7.6.11

ABRACE A DÚVIDA?


O texto diz: "Vamos, aperte bem. Me diga, não é bom? Por que você ia querer se agarrar a verdades bíblicas difíceis que te deixam desconfortável quando você pode ficar ruminando uma massa leve e vaga de incerteza?

PoMo, o Urso é o brinquedo perfeito para cristãos que estão cansados de serem arrogantes em suas crenças e querem sentir a humildade que vem com o abraçar de outros pontos de vista. Costurado à mão e estufado com velhas passagens bíblicas que ninguém nunca vai entender mesmo, PoMo, o Urso  irá derreter o seu coração... e a sua fé.

PoMo
the Bear
O brinquedo para cristãos
que gostam de coisas vagas