por T. A. McMahon
“O que você pensa sobre Jesus?” É uma pergunta que tenho feito às vezes, a fim de entabular conversa com os cristãos e não cristãos sobre Ele e com o objetivo de testemunhar. A resposta mais comum que tenho recebido é que Ele foi um mestre religioso, que praticou o bem e falou muitas coisas boas, concluindo que Ele foi um homem muito bom. Então costumava indagar: “Você sabe que Ele afirmava ser Deus?”. Quando me olhavam perplexos, eu aproveitava para explicar que Ele não poderia ter sido “um homem muito bom”. Ao afirmar que era Deus, Ele estava Se iludindo ou então seria uma direta fraude, no caso Dele não estar dizendo a verdade. Geralmente, este pensamento, levando em conta que teremos de dar contas a Deus, poderia levar a conversa a um resultado compensador. Pelo menos, ela tem me dado a oportunidade de plantar algumas sementes que possam se transformar em convicção. A maioria das pessoas não se sente à vontade com a verdade a respeito de Jesus.
Os que professam ser cristãos, muito frequentemente, têm idéias tão erradas sobre Jesus como os não cristãos. Por exemplo, as TJs acreditam que Jesus é um deus criado e que Ele também é Miguel, o Arcanjo. Os mórmons acreditam que Jesus é o irmão espiritual de Lúcifer, que foi casado e teve filhos. Os seguidores da Ciência Cristã e as religiões da Ciência Religiosa acreditam que Jesus foi apenas um homem sobre o qual veio o “poder do Cristo”. Os católicos romanos acreditam que o pão e o vinho podem ser transubstanciados - ou mudados - literalmente, no corpo e sangue de Jesus, os quais são, em seguida, deglutidos e levados ao estômago. Os luteranos acreditam que Jesus é consubstanciado, ou está presente “em, com e sob” o pão e o vinho da comunhão. Essas crenças não bíblicas são apenas algumas entre as centenas de crenças promovidas por várias denominações e seitas “cristãs”. Contudo, mais alarmante é o fato de que uma pesquisa feita, hoje em dia, a respeito de Jesus, entre os que se autodenominam cristãos evangélicos (crentes na Bíblia), muito frequentemente, revela “outro Jesus” e um “falso Cristo”. Como é possível?
Admitamos que alguém chegue a um verdadeiro conhecimento e relacionamento com Jesus Cristo. Isto começa com uma simples compreensão do Evangelho: que Jesus é Deus, o Qual veio ao mundo como um Homem, a fim de salvar a humanidade da eterna separação de Deus, resultante dos pecados dos homens; que Jesus satisfez toda a justiça divina com o Seu pagamento, uma vez por todas, pelos pecados da humanidade, através de Sua morte na cruz; que Sua ressurreição dos mortos garantiu a salvação a todos os que reconhecem os seus pecados diante de Deus, sem qualquer esperança de serem salvos pelos próprios méritos e para aqueles que, pela graça através da fé, aceitam o sacrifício de Cristo em seu favor e o dom gratuito da vida eterna. Desse modo, o homem se reconcilia com Deus e nasce de novo, espiritualmente. É assim que ele começa um relacionamento com o Cristo da Bíblia.
Embora esse relacionamento seja sobrenatural, através do qual cada cristão verdadeiro é habitado por Deus, ele vai progredindo, como qualquer outro relacionamento, à medida que a pessoa consegue conhecer melhor a outra com quem está se relacionando.
A melhor maneira de se desenvolver um relacionamento com Jesus é ler a revelação sobre Ele mesmo, entregue em Sua Palavra. Esta é a única maneira de se obterem informações específicas sobre Ele, as quais são objetivas e absolutamente verdadeiras. Além disso, o conteúdo da Escritura não apenas é inspirado pelo Espírito Santo, como o mesmo Espírito de verdade é dado aos crentes, a fim de que eles estudem o seu conteúdo. Como, então, os que professam seguir a Palavra de Deus podem aparecer com idéias tão erradas a respeito de Jesus? Lamentavelmente, muitos conseguem essas informações em fontes fora da Bíblia, ou de segunda mão, dos que afirmam estar ensinando o que a Bíblia diz sobre o nosso Senhor.
Para demonstrar quão absurdo é o relacionamento embasado nessas fontes de conhecimento, consideremos o que poderia acontecer a um marido e mulher que tentassem edificar o seu relacionamento íntimo, confiando nos insights de outras pessoas, que afirmassem conhecê-los. Esta seria uma completa receita para o fracasso matrimonial. Pois é isso que acontece aos cristãos que, geralmente, apelam às fontes extrabíblicas, tentando manter um relacionamento com Jesus.
A espantosa popularidade do livro “The Shack” (A Cabana - TBC, 09/08) entre os evangélicos é apenas um exemplo recente de alguém que descreve um “Jesus” totalmente diferente (ou pior) do Jesus da Bíblia. O livro O caracteriza de modo que as pessoas possam se sentir mais à vontade com Ele, embora o “Jesus” do livro “The Shack” seja claramente um falso Cristo. Ele é um “bom sujeito”, o qual gosta de “colocar as coisas em pratos limpos e de praticar jardinagem”; ele ri das piadas grosseiras e é um pouco ignorante; ele gosta de pescar trutas, à medida que elas deslizam pela água e desenha o caixão para o corpo de uma menina; ele se diverte em beijar e abraçar as pessoas e ri dos dois ou mais membros da “Trindade”. O livro está repleto de diálogos entre os personagens de Deus Pai (caracterizado como uma gorda mulher afro-americana), o Espírito Santo (caracterizado como uma pequena mulher asiática) e Jesus. Todos três se manifestam como sendo “os oráculos de Deus”, dando insights e explicações não consistentes com a Escritura Sagrada. Alguns leitores entusiasmados afirmam que as palavras e interações com a "divindade" os têm confortado e respondido perguntas difíceis sobre a sua fé, fazendo com que o nosso Senhor lhes pareça mais real.
A realidade é que, além da própria imaginação, o autor coloca suas palavras na boca do Pai, do Filho e do Espírito Santo, as quais passam a ser aceitas pelas multidões como se fossem o“Assim diz o Senhor”. Esta não é simplesmente uma informação falsa e de segunda mão; trata-se, no mínimo, da arrogância de uma falsa profecia e, na pior das hipóteses, de blasfêmia e idolatria. É o caso de um homem criando Deus à sua imagem decaída.
Mais influenciável entre os evangélicos do que o livro A cabana é o filme “A Paixão de Cristo”, de Mel Gibson, o qual se tornou um campeão de bilheteria, graças ao imenso apoio dos evangélicos. Agora disponível “numa edição definitiva em DVD”, ele apresenta, aos que gostam da teologia católica oficial, explicada no filme, uma discussão com o diretor Mel Gibson, junto com um apologista católico e dois sacerdotes católicos, os quais foram os consultores teológicos do filme. Este filme apresenta um falso evangelho, um falso Cristo, com falsas cenas, supostamente bíblicas, oriundas das mentes de Gibson e de uma freira católica [da Idade Média], com alucinações místicas (Ver Showtime for Sheep). Mesmo assim, o filme continua a ser amplamente usado pelas igrejas evangélicas, especialmente durante a Quaresma e a Páscoa.
Em resposta à pergunta: “O que você pensa sobre Jesus?”, os milhões que viram o filme agora acreditam, erroneamente, que: Ele foi confrontado por Satanás, no jardim do Getsêmane; que Ele foi atirado de uma ponte pelos seus captores e ficou preso por uma corrente; que Sua imagem foi captada para a posteridade pelo véu de uma mulher chamada Verônica; que quando Sua cruz ameaçou cair, ela levitou, para evitar que Ele tocasse o chão; e o mais contraditório ao Evangelho é que foi através dos açoites por Ele recebidos, que os pecados da humanidade foram pagos.
Estas são apenas algumas das imagens não bíblicas que foram acrescentadas ao mundo e a muitas igrejas, para perceberem Jesus. Os filmes continuam sendo a forma mais popular em divulgar informações superficiais e falsas sobre Jesus. Fazer filmes sobre Jesus e Deus, equivale a colocar idéias errôneas nos corações e nas mentes das massas: Jesus Cristo Superstar; The Last Temptation of Christ; Bruce Almight; The Da Vinci Code; Judas; Oh God!; Oh God! (2), Jesus of Nazareth, para citar apenas alguns. [N.T. - Muitos já foram traduzidos e apresentados ao público brasileiro].
Mas, o que dizer sobre filmes mais biblicamente exatos - por exemplo, daqueles que retiram suas palavras diretamente da Escritura? Quando temos um ator representando Jesus, dizendo apenas as palavras que Jesus falou, conforme são encontradas na Bíblia, isso torna mais exata a representação? Mais exata do que o que? Será que esse ator de fato se assemelha a Jesus, fala como Jesus ou até mesmo reflete o rosto piedoso de Jesus? Mais criticamente, será que ele pode exatamente representar o Homem-Deus, o Criador do Universo, o Único que tudo pode e em Quem tudo subsiste? Mesmo que ele pudesse, o que é impossível, isso ainda seria uma grosseira imitação. Sem falar que ele iria deixar milhões de pessoas, inclusive os crentes, com a imagem de um falso “Cristo”.
Alguns desses filmes são tentativas sinceras de comunicar o conteúdo e as histórias da Escritura, através da mídia visual. Porém, mesmo sendo sinceras, elas estão fadadas ao fracasso, no que se refere à verdade. E por que? Porque, além do que foi observado acima, a Bíblia é uma revelação objetiva de Deus, entregue em palavras. Todas as tentativas de traduzir visualmente essas palavras fogem da revelação objetiva, em favor da interpretação subjetiva. Tomemos, por exemplo, uma passagem da Escritura, pedindo que cinco pessoas dêem sua compreensão de um verso embasado no contexto, na estrutura gramatical, com uma significação normal das palavras. Provavelmente, as interpretações serão muito parecidas. Se alguma dessas pessoas viesse com uma interpretação diferente, ela poderia ser corrigida por uma simples comparação objetiva da mesma com o contexto, com a gramática e as definições aceitas das palavras na passagem. Por outro lado, o que aconteceria se cinco artistas fossem traduzir a passagem visualmente? O resultado seria cinco entregas muito subjetivas e totalmente diferentes. Ou, até mesmo, se apenas um artista traduzisse visualmente a passagem, e quatro pessoas tentassem interpretar a imagem, os resultados seriam diferentes, porque o mediador não tem critério objetivo idêntico àquele que é recebido em palavras. Agora, vocês entenderam o assunto? A imagem não é um meio de comunicação da verdade objetiva. (Grifo da tradutora).
Deus não fez desenhos nas Tábuas da Lei, quando as entregou a Moisés. Seus constantes mandamentos dados a Moisés e aos outros profetas foi o de “escrever estas instruções”. A imagem visual era o âmago da adoração pagã usada por pessoas, cujas vidas estavam centralizadas nos ídolos - o principal produto de uma alma acorrentada à superstição. É o mesmo que acontece no Catolicismo Romano, e na Igreja Ortodoxa Grega, por exemplo. Essas igrejas, na Era Medieval, começaram a alimentar os seus seguidores com imagens de santos, em vez de ensiná-los a ler e escrever (conforme fizeram os judeus, desde o tempo de Abraão). Até hoje, a superstição continua rompante dentro dos sistemas religiosos visualmente orientados.
Onde é que o mundo tem conseguido suas idéias a respeito de Jesus? A maioria dos não cristãos conhece apenas o que tem conseguido captar de fontes não cristãs, as quais eles consideram cristãs, embora raramente estas possuam algum conteúdo bíblico. Mais de um bilhão de muçulmanos mantém a visão de um “Jesus” entregue por Maomé, a qual ele conseguiu de cristãos questionáveis. O Alcorão declara que Isa (Jesus) não é o Filho de Deus, porque Alá nunca teve um filho. O nascimento de Isa aconteceu debaixo de uma palmeira e quando ele ainda era um bebê, gritou do seu berço que era um servo de Alá, o qual lhe havia dado uma revelação e o havia transformado em profeta. Ele não morreu na cruz; alguém tomou o seu lugar - tudo isso em contradição com a Bíblia.
Muitos judeus forjaram as duvidosas histórias do Talmude, as quais contradizem as narrativas dos evangelhos. Essas histórias contam que Jesus foi um filho ilegítimo, nascido de uma prostituta com um rufião. Declarando ser o Messias, Ele realizou curas através da bruxaria e, conseqüentemente, foi apedrejado e em seguida pendurado numa árvore, por causa de sua feitiçaria e blasfêmia, por ter declarado ser o Filho de Deus.
Os hindus acrescentaram Jesus como mais um avatar, ou deus, entre os seus 330 milhões de deuses. Todos os seus gurus que se tornaram populares no Ocidente - desde o Maharishi Mahesh Yogi, até Rajneesh - pregam o seu próprio “Jesus”. Os budistas, como o 14º. Dalai Lama, consideram Jesus como um bodhisattva, ou um deus iluminado, entre as multidões de deuses reencarnados, a serviço da humanidade.
Inacreditavelmente, as errôneas crenças supracitadas sobre Jesus são promovidas dentro do Cristianismo professo, através de uma prática popular entre as comunidades da Igreja Emergente. Algumas igrejas convidam os seguidores das religiões mundiais para “palestras”, tentando aprender mais a respeito de Jesus, a partir de uma visão pluralista. O objetivo é estabelecer um “Jesus” que se torne aceitável às pessoas de todas as crenças - ou de nenhuma delas. O refrão comum ouvido nas comunidades emergentes é “Nós amamos Jesus, mas não a sua igreja”. Certamente, como a igreja tem se comprometido com o mundo, ela já não apresenta muita coisa que possa ser apreciada. Infelizmente, para muitos, não é o Jesus da Bíblia que elas amam nem é a igreja bíblica que elas apóiam. Algumas estão sob a ilusão de que Jesus está Se tornando mais respeitado na nossa cultura; mas, este nunca foi o caso de Jesus, conforme Ele é revelado na Escritura.
Fica difícil, para quem tem um relacionamento pessoal íntimo com Jesus Cristo, aceitar que o mundo possa odiar Aquele a Quem tanto amamos. Para mim, foi difícil e continua sendo. Como pode alguém rejeitar Aquele que nos ama mais do alguém poderia compreender, e cujo sacrifício foi indiscernivelmente maravilhoso em favor de todos aqueles que Ele criou? Esse ódio é sempre mascarado e desenvolvido progressivamente em segredo. Ele é encontrado na estratégia de Satanás, iniciada com a pergunta: “É assim que Deus disse?”. Seu diálogo com Eva proveu uma boa oportunidade de subverter a verdade sobre Deus e o Seu mandamento. Eva comprou a alteração mentirosa do Adversário sobre o caráter de Deus e recebeu a conseqüência de sua desobediência. Isso mesmo sua descendência tem feito, através das eras.
Enquanto isso, tal realidade, sob o disfarce de condescendência e zombaria, quase me levou ao desespero, quando vi um episódio particular do filme da TV Fox, “The Family Guy” (O Sujeito de família). O programa (apresentado pela mesma rede de TV que criou o mercado da Fé Fox para as famílias cristãs) apresentou o personagem de um Jesus que abandonou o céu para se livrar de “um pai implicante e castrador”, o qual prova a sua “divindade” transformando comida salgada em sorvete, aumenta os seios das mulheres e anda sobre as águas, a fim de ganhar uma nota de cinco dólares; que aparece no Jay Leno e recebe uma condecoração no show da MTV; que vai a Hollywood e se embriaga numa festa, acaba numa prisão e, finalmente, chega à conclusão de que não está suficientemente maduro para ajudar o mundo.
Imediatamente, tentei angariar protestos entre a Cristandade contra esse programa da TV Fox, o qual está em alta cotação. Contudo, não houve gritos de protesto nem lamentação contra os que blasfemaram e ridicularizaram o Único que poderia salvá-los. Alguns cristãos estão apresentando alarmantes racionalizações de que Jesus, certamente, deveria ter muito senso de humor. Pois, é este, exatamente, o “Jesus” que o mundo quer.
Corri mentalmente para o Jardim do Getsêmane, imaginando o nosso Salvador ajoelhado, orando ao Pai, onde, em Sua angústia, Ele suou gotas de sangue. Ele iria se tornar pecado por nós. Nosso Criador iria tomar sobre Ele os nossos pecados e receber a penalidade eterna devida por todos nós. Embora Ele tenha sido triunfante, ao pagar pelos pecados da humanidade, no Getsêmane, Ele pediu ao Pai que, se fosse possível, afastasse aquele cálice. Contudo, não havia outra maneira. Pensei no Senhor da Glória pendurado na cruz do Calvário, rodeado de zombarias e, mesmo assim, Ele morreu pelos que Dele zombavam.
Oremos para que nós realmente possamos conhecê-Lo e não nos afastemos Dele por causa do “Jesus” criado pelo mundo, pela nossa própria mente carnal ou pelo Diabo. Oremos ainda para que o Senhor nos possibilite a refletir o verdadeiro caráter de Cristo em nossas palavras e ações; para que Ele nos ajude a mostrar ao mundo o verdadeiro JESUS, que, sendo Deus, veio em forma de homem, foi tratado como se fosse o próprio pecado e satisfez a justiça divina, quando morreu na cruz, provendo, assim, salvação para toda a humanidade.
TBC – dezembro de 2008 - The “Jesus” the World Loves - T. A. McMahon
Traduzido por Mary Schultze em 06/12/2008.