7.7.11

RENATO VARGENS: "Acabei de ser convidado para ser apóstolo!"


A secretária da minha igreja acabou de me ligar apavorada com um convite que recebi. Um grupo que trabalha com treinamento de líderes, me convidou para participar de um evento em Israel onde após um curso intensivo me tornaria apóstolo. Segundo eles, bastaria com que eu levantasse 24 mantenedores com R$ 39,00 mensais, que eu teria os recursos necessários para realizar a viagem que faria de mim um apóstolo de Cristo.

Sinceramente ao receber o convite não sabia se ria ou chorava de desgosto. Por favor alguém me diga que loucura é essa? Para onde a Igreja de Cristo está indo?

Ora, Eu não quero ser apóstolo! Eu não preciso deste titulo. Eu não creio na doutrina apostólica dos neopentecostais! Eu não creio nos apóstolos modernos! Eu não quero e nem desejo colocar-me acima das Escrituras! Eu não quero fazer parte dos ungidos de GEZUIS.

Prezado amigo, lamentavelmente para muitos tornar-se  apóstolo é  o ápice ministerial! Infelizmente  a cada novo dia, novos líderes apostólicos são consagrados ao "ministério dos especiais" tomando para si prerrogativas que não lhes pertencem por direito.

Ao contrário destes eu prefiro continuar sendo o que sou, um simples servo de Cristo, mesmo porque, não possuo os atributos necessários ao ministério apostólico. 

A minha adoração não é extravagante, meus louvores não são repetitivos, não canto músicas para o diabo, nem tampouco sou levita do Senhor. 

Não demarco territórios com urina, não tenho a unção do leão, nem troco o anjo da guarda. Não sou dualista, muito menos maniqueísta. Não dou ordens a Deus, nem tampouco determino através de atos proféticos o que o Soberano tem que fazer. 

Não sou judaizante, não toco shofar, não possuo réplicas da arca e do tabernáculo em minha igreja, como também não sou adepto do retété de Jeová. 

Não ando com cajado na mão, não tenho a unção do riso, não creio em galo que profetiza, nem meus sapatos são de fogo. 

Não fui arrebatado ao terceiro céu, nem tampouco tive uma nova e especial revelação. Não uso sal grosso para espantar mal olhado, não saio por aí ungindo objetos inanimados, nem tampouco sincretizo o evangelho do meu Salvador. Não manipulo anjos, não comercializo a fé, não vendo indulgências. Não prego a graça barata, nem tenho por hábito quebrar maldições.

Não sou rico, meu carro é  usado, meus ternos são nacionais e não sou adepto da confissão positiva.

Graças a Deus que nada sou.

Soli Deo Gloria,

1.7.11

UM EVANGELHO MAIS ACEITÁVEL?


por Martyn Lloyd-Jones

A tentativa de tornar o evangelho aceitável aos homens já é em si errada. Diz-nos a Bíblia que o homem está num estado de pecado, que o homem está cego, cegado pelo deus deste mundo, que "a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser" (Romanos 8.7), que "o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente" (1 Coríntios 2.14). Essa tendência moderna esquece tudo isso. A idéia de que você pode tomar o evangelho e, por causa do conhecimento moderno, apresentá-lo de tal modo que vai ser mais fácil ao homem moderno crer nele, é uma negação do evangelho. "O escândalo da cruz" (Gaiatas 5.11) desapareceu, o escândalo do cristianismo evaporou-se, a "loucura" da pregação ou da mensagem pregada não é mais verdadeira. Está completamente errado.

Martyn Lloyd-Jones
Deixem-me, porém, acrescentar isto: é também tolo demais. Se eu preciso do conhecimento moderno para me ajudar a crer na Bíblia, como é que as pessoas criam nela no passado? Se eu tenho que apoiar-me na microfísica e dar graças a Deus por ela porque agora ela me torna fácil crer no evangelho, que dizer das pessoas que aceitavam as teorias de Isaac Newton? Noutras palavras, se vocês usarem essa atitude moderna como teste da história, verão que imediatamente a coisa toda se torna ridícula.

Eis mais uma razão: não há nada mais perigoso do que ser dirigido pelo conhecimento moderno. Por quê? Porque o que é conhecimento moderno hoje, será obsoleto amanhã, ou pelo menos em dez anos, ou certamente dentro de cinqüenta anos. Onde estão os "resultados seguros" da Alta Crítica contra a qual o Dr. Campbell Morgan teve que lutar quando estava aqui, antes da Primeira Guerra Mundial? Tantos deles esvairam-se no ar. Não se têm "resultados seguros". Nada é tão precário como basear qualquer parte da sua posição no conhecimento moderno ou na ciência moderna. De igual modo, nada é tão perigoso como a tendência moderna de confundir teorias e fatos.

Finalmente, considerem isto: o moderno evangélico conservador que pensa segundo essas linhas, faz isso porque quer conquistar pessoas para o evangelho. Mas, considerem o que diz um escritor americano, chamado Hordern, escrevendo em 1959, na obra, The Case for a New Reformation Theology (Argumentação em prol de uma Teologia da Nova Reforma). Ele não é um evangélico conservador; ele esposa o que denominou teologia da "nova reforma". Diz ele: "A nova teologia conservadora de hoje, em seu desejo de ser atualizada, intelectual e relevante, corre o grave perigo de conformar-se demasiado estreitamente à era moderna para poder levar uma palavra a essa era". O que ele quer dizer é que você pode modificar tanto a sua mensagem, a sua crença ou o seu método, que o homem que você está querendo conquistar para Cristo diz: "Bem, não vejo muita diferença entre o que você está dizendo e o que eu já cria." Você não será mais capaz de ajudá-lo. Em seu desejo e anseio exagerado de ajudá-lo, você está frustrando o seu próprio esforço e empenho.

Estaria eu querendo dizer com isso que não há nenhum lugar para a apologética? Não, mas é vital que compreendamos exatamente qual é o lugar da apologética. Ei-lo: A principal tarefa da apologética é dar apoio à fé do crente (ênfase deste blog). Ela não o torna crente, porém o ajuda a manter e firmar a sua fé. A função da apologética é mostrar o erro e a completa insuficiência de todos os outros conceitos alheios ao conceito bíblico. A apologética, o uso do conhecimento moderno, é excelente como introdução do sermão, mas não deve ir além disso. É muito boa no trabalho de demolição, contudo não ajuda na construção. Ajuda a derribar o velho edifício, mas não ajuda a erigir o novo. Jamais pode levar alguém à salvação. Seja qual for o uso que se faça do conhecimento moderno, da argumentação moderna, ou de quaisquer outros implementos e armas carnais, jamais levará alguém à fé em Cristo.