"Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; ao contrário, sentindo coceira nos ouvidos, juntarão mestres para si mesmos, segundo os seus próprios desejos" (2 Timóteo 4.3).
29.8.10
ADORAÇÃO PROFÉTICA?
"Somos um ministério profético de música, que busca a excelência na adoração a Deus em santidade e justiça." – Pr. Alex Pinheiro (Igreja Apascentar de Jacarepaguá)
Foram essas palavras que chamaram a minha atenção no e-mail que eu recebi do Ministério Sopro de Deus. Primeiramente, eu preciso chamar a atenção ao nome desse ministério: "Sopro de Deus." Eles querem dizer que Deus continua "inspirando" (aliás, "soprando") ministérios hoje em dia no sentido que Ele "soprou" as Sagradas Escrituras? Talvez a liderança dessa igreja não falasse assim mas, por que, então, usaria esse nome? Para mim isso não passa de uma tentativa de validar e distinguir um ministério entre outros, dizendo, entrelinhas, que " Nosso ministério tem uma ligação especial com Deus. Venha participar!" É possível (mas não provável) que o ministério dessa igreja seja ungido, mas tal unção não justifica o uso errado de termos bíblicos.
Agora, o que significa ser "um ministério profético de música"? Eu tirei a seguinte descrição do ministério no site dele: www.soprodedeus.com.br:
O Ministério de Louvor da Igreja Apascentar de Jacarepaguá lança seu primeiro CD “Nunca Vou Desistir”. Com o tema baseado no texto de Hb. 10.39 “Nós, porém não somos dos que desistem e são destruídos, mas dos que crêem e são salvos”. O CD tem 12 músicas compostas por membros da igreja local. O CD também conta com 30 vozes no Backing coral, além de violão, bateria, contra baixo, guitarra, percussão e teclados. Para completar o estilo musical de adoração profética, Pr. Alex Pinheiro coordena a ministração das canções que vem repleta de unção. São três as canções que hoje tocam nas rádios: Nunca vou Desistir, Graça e Meu pão e Luz.
Todos os integrantes do Sopro de Deus são membros da igreja local que, juntos, entregam seus talentos e vida se colocando a serviço do Reino de Deus. Músicos de base, tocando teclado, contrabaixo, guitarra, violão e bateria; e cantores. Todos fazem parte da grande festa que é realizada a cada ministração. Com uma linguagem clara e objetiva, o Ministério Sopro de Deus têm abençoado pessoas e lugares por onde passam, sendo possível perceber através de cada música a mensagem de transformação. São incontáveis os testemunhos que relatam histórias de pessoas que estavam para desistir e decidiram se posicionar diante de Deus, e igrejas que receberam refrigério do Espírito Santo. Alegria, transformação, restauração e unção de Deus são marcas do Sopro de Deus.
Santidade, integridade, compromisso e excelência, são palavras chaves que norteiam nosso ministério. Cremos na adoração como instrumento de Restauração do Sacerdócio de Todos os Santos, da igreja em geral. Cremos na adoração como arma de guerra, cadeias que são rompidas através da força que há na Adoração Profética. Cremos no chamado de Deus para nós como ministros para levantar uma geração comprometida com o avivamento sobre nossa nação, trazendo a realidade dos céus a terra.
Eu aplaudo o ministério por envolver membros da igreja, mas o que me preocupa é o uso de termos como "adoração profética", "trazendo a realidade dos céus a terra", "adoração como instrumento de Restauração do Sacerdócio de Todos os Santos", "adoração como arma de guerra", "através de cada música a mensagem de transformação", etc.
Não sei de você, caro leitor, mas nós queremos ser bíblicos acima de tudo. Sola Scriptura foi o grito que orientou os reformadores do século 16 na sua tentativa de chamar a Igreja de volta às suas raízes. Porém, a Igreja - como organização - não quis ser reformada; a Igreja - como organismo - foi reformada, graças a Deus! Aliás, os verdadeiros cristãos na Igreja institucional não resistiram o chamado de Deus para abandonar a heresia tão presente nessa Igreja. Uma coisa que sobresaiu foi o grito da supremacia das Sagradas Escrituras sobre toda e qualquer questão, inclusive sobre o maior líder eclesiástico daquela época, o Papa.
Eu pergunto, então: "Com essa conquista do ex-monge e reformador Martinho Lutero, como poderemos abandoná-la numa época como nossa, onde a Fé está sendo atacada e assediada por todos os lados?" Para mim o que esse ministério ("Sopro de Deus") faz é simplesmente distorcer as Escrituras para que elas digam o que ele quer ouvir. Totalmente desrespeitando os conceitos de hermenéutica (interpretação de textos), esse "ministério" atribui ao louvor e à adoração papéis que a Bíblia não os atribuiu.
Por exemplo, onde você acha que a adoração seja o "instrumento de Restauração do Sacerdócio de Todos os Santos"? O "sacerdócio de todos os santos" baseia-se em 1 Pedro 2.9. Agora, qual era a função do sacerdote no Antigo Testamento? Primeiramente, ele servia como mediador entre o povo e Deus. No caso do sumo sacerdote, ele oferecia o sacrifício pelos pecados da nação no Santo dos Santos uma vez por ano. Sem esse mediador, os pecados do povo - inclusive, os do sacerdócio - não poderiam ser expiados. Além do mais, ele era escolhido por Deus para exercer essa função.
Qual é a aplicação para a Igreja? Já que não há necessidade mais pelo sistema de sacrifícios (Jesus foi o último sacrifício por pecado e é chamado o Sumo Sacerdote em, por exemplo, Hebreus 4.14.), todos os santos (aliás, todo crente de verdade) foi escolhido por Deus para oferecer sacrifícios espirituais (x de animais - 1 Pe. 2.5) e sacrifícios de louvor (veja Heb. 13.15-16) - "fruto de lábios que confessam (declaram, não necessariamente "cantam") o seu nome". Um outro sacrifício que devemos fazer como "sacerdotes" é de nossas próprias vidas: "Rogo-vos pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus" (Ro. 12.1-2).
Eu pergunto: "Como um grupo de louvor e adoração vai "restaurar" nosso sacerdócio quando foi Deus quem nos escolheu para sermos sacerdotes? Como um ministério de uma igreja vai restaurar uma função que cada um tem a responsabilidade de exercer: sacrificar-se? Como os componentes desse grupo/ministério vão restaurar meu chamado para a evangelização deste mundo: "...para que anuncieis as grandezas daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz" (1 Pe. 2:9b)?
Não, tais papéis buscamos diariamente na comunhão com nosso Deus, no "abrir de mão" dos nossos direitos, no sacrifício vivo, na leitura e na meditação na Palavra, na busca de santidade, etc. Simplesmente não há "ministério" nem grupo que podem restaurar essas coisas para nós. Como sacerdócio real temos que assumir nossa responsabilidade diante do nosso papel e evitar transferir a outros essa responsabilidade.
Se começarmos exercer nosso papel como sacerdotes, talvez esses grupos e ministérios "caiam na realidade" da verdadeira função deles: a de ajudar a gente expressar nossa louvor, adoração e gratidão a Deus... só. Aliás, há coisas bem mais importantes para ocuparem nosso tempo e afeições do que comprar e ouvir Cds, de assistir "shows" gospel, de investir fortunas para trazer tal cantor ou grupo à nossa igreja, etc.: o próprio Deus (principalmente através da leitura da Palavra "soprada" por Ele e a nossa resposta através da adoração, gratidão, confissão e súplica) e a obra dEle (anunciando as grandezas dEle para os perdidos e edificando os "achados").
De novo, Sola Scriptura, irmãos! Se não, poderemos cair na apostasia que está por vir (sem falar naquela que já está entre nós): "Ninguém de modo algum vos engane; porque isto não sucederá sem que venha primeiro a apostasia e seja revelado o homem do pecado, o filho da perdição, aquele que se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou é objeto de adoração, de sorte que se assenta no santuário de Deus, apresentando-se como Deus" (2 Ts. 2:3-4).
16.8.10
A NOVA REFORMA PROTESTANTE: Minha Reação
(Recebemos recentemente de uma amiga um artigo por e-mail da revista Época chamado A nova reforma protestante na edição publicada no dia 06 de agosto, 2010. Esse artigo é interessantíssimo e altamente relevante para todos que se chamam "cristãos evangélicos" no Brasil. Descobrimos, porém, que o que recebemos por e-mail não foi o artigo inteiro. Eu (Bill) achei o artigo completo num dos meus blogs prediletos: Púlpito Cristão. Eu reagi ao artigo num comentário que eu fiz nesse blog, resolvendo colocar minha reação também aqui. Espero que seja, de alguma forma, útil. Sugiro que você lesse o artigo inteiro primeiro, antes de ler meu comentário.)
É muito sutil, mas quem está dentro dessas discussões vai ler nos comentários dos "nossos" representantes - entrelinhas - um certo desprezo da Palavra de Deus. Como exemplo eu cito Ed René Kivitz, que assumiu publicamente fazer parte daquele movimento apóstata chamado a "Igreja Emergente": "Mas hoje gostaríamos de dizer que o cristianismo tem, sim, espaço para contribuir com a construção de uma alternativa para a civilização que está aí. Uma sociedade (ênfase minha) que todo mundo espera, não apenas aqueles que buscam uma experiência religiosa."
Eu pergunto: "Onde você acha tal comissão no Novo Testamento, Ed? Desde quando o propósito do cristão se tornou "trazer o reino de Deus" (uma meta da I.E.), no sentido social e societal, para cá?
Há abusos sérios no evangelicalismo brasileiro? É claro! Há "lobos vestidos como ovelhas" liderando uma boa parte das igrejas "evangélicas"? Sim. Há necessidade de ver transformação de até denominações inteiras? Com certeza.
Mas qual seja a solução bíblica nisso tudo? Significa jogar fora tudo que soa de "igreja atual"? Significa abandonar a fôrmula bíblica de estrutura eclesiástica, especialmente os presbíteros e diáconos? Significa abrir mão da maneira bíblica de prestação de contas (e.g., a disciplina dos membros que continuam pecando sem arrependimento)? Quais "dogmas" deveríamos abandonar nesta nova reforma protestante? A da expiação substitutiva, onde Cristo, por sua própria escolha de sacrifício, foi punido (penalizado) no lugar dos pecadores (substituição), assim satisfazendo as demandas de justiça, de forma que Deus pode justamente perdoar os pecados? Aliás, existe outra base para o perdão do pecador? São os dogmas assim que deveríamos rejeitar agora como faz Brian MacLaren, um dos líderes norte-americanos da I.E.? Quais são os outros que podem ser eliminados. Um outro líder da I.E. nos EUA - Rob Bell - acha possível abrir mão do dogma da Trindade? E aí, emergentes brasileiros? Vocês querem que a Igreja brasileira apostate a fé (leia "dogmas") assim também?
Há problemas na Igreja e nas igrejas? Sim. Havia problemas no primeiro século? Também, sim. Olhemos, então, para a Bíblia para resolver esses problemas e não para esses "gurús" que podem ser (e na minha opinião, são) uma outra forma que o Inimigo usa para desviar a Igreja da linha certa, da linha bíblica.
Eu tenho algumas sugestões:
1) Que voltemos ao evangelho BÍBLICO. Acesse este site para saber mais.
2) Que avaliemos as nossas práticas atuais nas nossas igrejas e eliminemos aquelas que não sejam bíblicas.
3) Que oremos por reavivamento (para não ser confundido com "avivamento") - aquele mover do Espírito Santo sobre a Igreja e o mundo que traz quebrantamento, arrependimento e conversão verdadeira.
4) Que sejamos resposta da nossa oração, praticando o EVANGELISMO BÍBLICO. Um bom exemplo disso pode ser visto aqui.
5) Que preguemos a Palavra de maneira expositiva (e.g., pregando sistematicamente pela Bíblia, livro por livro, explicando em detalhe o significado dela, parágrafo por parágrafo e aplicando-a ao ouvinte, semana após semana).
Assim teremos uma igreja saudável porque ela será composta de pessoas convertidas de verdade, pessoas que submetem-se ao ensino da Palavra ao ponto de sair colocando-a em prática (praticantes x ouvintes). Que Deus tenha misericórdia de nós, como Igreja, à luz dos nossos pecados, nos mostrando nossos erros e nos motivando a arrependermos deles para que Cristo seja a Pessoa principal na Igreja brasileira de novo! Amém!
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