Naquela época eu servia nos EUA como missionário nacional através da missão Campus Crusade for Christ (no Brasil, Cruzada Estudantil e Profissional para Cristo). Seis anos antes eu tive uma consulta com um psicólogo cristão que ministrava um curso para novos missionários do ministério estudantil sobre como aconselhar estudantes. Uma coisa que ele disse fez muito sentido para mim naquela época: Interessado em aumentar nossa auto-estima e a dos estudantes sob nossos cuidados, ele trouxe uma interpretação inédita - pelo menos, para mim - às palavras de Jesus quando Ele disse em Mt. 22.39: "Amarás ao teu próximo como a ti mesmo." Esse psicólogo nos disse que, para poder amar o seu próximo como a si mesmo, você precisa, em primeiro lugar, amar a si mesmo! Aliás, se não amasse a si mesmo, você não poderia amar seu próximo da maneira certa.
De novo, fazia muito sentido para mim. E talvez você esteja pensando, "É isso mesmo. Qual é o problema?" O problema é que Jesus jamais quis dizer que deveríamos nos amar mais para podermos amar os outros melhor! Segundo Hunt e McMahon, Jesus estava dizendo que deveríamos amar nosso próximo da mesma maneira que nós já nos amamos! Quer dizer, JÁ me amo o bastante. Como prova disso, tudo que eu faço, eu o faço pensando no meu bem estar. Eu me alimento por amor próprio, eu durmo por amor próprio, eu me visto, me defendo, me...me...me! Os autores até dizem que o suicídio é um ato de amor próprio! Como assim? A pessoa se suicida para se livrar de dor, de frustração, etc. Aliás, a pessoa que se suicida está pensando mais no seu bem estar do que no bem estar da sua família e dos seus amigos. Ainda duvida?
Em prol da busca do amor próprio, eu passei seis anos me distanciando de pessoas, papéis, situações e locais que não contribuíam para minha busca. Apesar das aparências, eu me tornei uma pessoa arrogante e egoísta por dentro. Duas vezes nesse perídodo eu considerava deixando o ministério para fazer algo mais "aceitável" ao ver do mundo. Afinal, os aplausos do mundo comunicavam o amor que eu procurava. Em 1985 eu até decidi largar meu papel de missionário à universidade, que não ofercia reconhecimento algum na parte do mundo, em prol de um papel que agradava tanto a Igreja quanto o mundo. Eu decidi me tornar um "media missionary" (missionário na área da mídia). Assim, pensava eu, vou poder aumentar minha fama num cargo que o mundo reconhece (produtor de filmes) e que a Igreja valoriza (produtor de filmes evangélicos).
Foi nesse contexto que, enquanto eu viajava no Reino Unido apresentando shows evangelísticos de multi-mídia, eu comprei e li A sedução do cristianismo. Como eu fui acordado através desse livro para a minha situação verdadeira: egoísta, orgulhoso, arrogante. Também eu aprendi que a origem da interpretação de Matt. 22.39 mencionada acima não foi Jesus, mas Friedrich Nietzsche! Que vergonha! Eu adotei uma interpretação equivocada da Bíblia oferecida por alguém que se considerava o "Anti-Cristo"[1]!
Eu escrevo tudo isso como uma introdução a este novo blog, A SEDUÇÃO DO CRISTIANISMO. Eu engoli a mentira da necessidade do amor próprio que radicalmente afetou muitas decisões importantes da minha vida. Isso me faz pensar, "Quantas outras 'mentiras' sobre a Bíblia eu já engoli?" Ou melhor, "Quantas mentiras a Igreja tem engolido ultimamente?" Por isso colocomos este blog no ar. Ficamos de pé no alicerce da verdade. Que Deus use os artigos neste blog para glorificar A VERDADE (Jo. 14.6) e libertar os prisioneiros de mentiras proferidas por, às vezes, homens e mulheres nos púlpitos de, pelo menos, as duas nações que temos em comum: o Brasil e os EUA.
NOTAS
[1] Prof. Peter Kreeft de Boston College [http://www.catholiceducation.org/articles/civilization/cc0009.html]
NOTAS
[1] Prof. Peter Kreeft de Boston College [http://www.catholiceducation.org/articles/civilization/cc0009.html]